segunda-feira, 30 de maio de 2016




O TROCO
Em frente do prédio no qual morávamos, Edgar chamava-me vigorosamente sem que eu o escutasse, certamente havia esquecido alguma coisa e ele me pediria que jogasse pela janela como era comum a todos os membros da família ao saírem do apartamento para alguma tarefa externa. Por mais que eu avisasse para que se organizassem no intuito de não esqueceram chaves, documentos e os etc... Sempre ficava alguma coisa por levar. Sem êxito, posto que eu não me encontrava em casa, ele se viu obrigado a subir os seis lances de escada para pegar o que havia esquecido, e ao abrir a porta da sala, depara-se com Carlos muito bem acomodado no sofá assistindo televisão.
O senhor não me escutou chamando a mamãe?! Chamando a mamãe?! Chamando mamãe?!
Escutei!  Responde Carlos tranquilamente.
E então por que não me atendeu?
Porque não sou mãe. Eu sou pai!
Pasmo com a resposta, Edgar resolveu sua questão e soltando “fogo pelas ventas”, saiu.
Muitos meses se passaram. Numa certa tarde Carlos põe-se a chamar-me na frente do dito prédio de apartamentos.
Julinha?! Julinha?! Minha mulher?! Minha mulher?! E como eu não estivesse em casa, ele se viu obrigado a escalar os seis árduos lances de escada para pegar o que havia esquecido. Eeee... ao ingressar na sala, depara-se com Edgar refestelado no sofá assistindo tv. Então Carlos dirige-se ao filho interpondo-se entre Edgar e a televisão e pergunta:
Tive que subir essa escadaria toda e você aqui na sala?! Você não me ouviu chamar repetidas vezes? No que Edgar tranquilamente respondeu:
Ouvi! Mas eu sou teu filho, não sou tua mulher!