terça-feira, 22 de julho de 2014






O PIRÃO da INFÂNCIA

Cresci num interior                                               
No nordeste do Pará
Por nome chamada Acará.
Cidadezinha pacata
Nem existia nos mapas
Sete vias duas ruas
Era o que configurava
Naqueles dias de então
Mas cabe em minha cabeça
Com exata precisão
Feito uma bela gravura
Do meu tempo de criança
Junto com meus quatro irmãos.

Duas torres tinha a igreja
Que o sino badalava
Somente três vezes por dia
Seis da manhã e da tarde
E também ao meio dia
Tocasse n’outros horários
A construção centenária
O seu santo campanário
Era divulgando as gentes
Acontecimento raro
Que carecia anúncio 
A toda população
Daí permitia o vigário
Em imprevistos horários
Do sino a badalação.

Acará não tinha cercas
Medo? Só de assombração!
Também não tinha mendigo,
Nem trânsito, nem ladrão.
Livre agente crescia
Desfrutando bela infância
E o rico tempo de criança
Meu, e dos meus quatro irmãos.
Eu, Inês e Dededa,
Didildo o rei das proezas
Mais o Junior Cabeção.

Brincadeiras de casinha,
Pula corda e peteca,
Bole-bole, macaca,
Passear de bicicleta       
O dia todo inteirinho
Se passava ele todinho
Nessa intensa ocupação.
Que existência prazenteira
Que nos cinco de presente
Na primavera da vida
Ganhamos desses viventes
Chico e Lindinaura
Tão vital feito uma aura.

Hoje são terras distantes
Guardadas no pensamento
Trazidas no coração
Mas nós cinco bem sabemos
Como foi bom ser criança
No Acará que conhecemos
Naqueles dias de então.

Na mexida do pirão
Que farinha d’água fez
Volteei a vida inteira
Relembrando de vocês
Junior, Didildo, Dededa e Inês
Do tempo que nós tudo junto
Andava encantado com mundo
Que pai e mãe pra nós fez!
                   
                                                        
Júlia Câmara
Poetisa Paraense
Movimento Literário
Extremo Norte

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