“Alô, Alô Interior! Alô,
Alô Interior!
Carta da Cidade do
Recife-PE
Para o Sr. Didildo no
Município de Abaetetuba-PA
pelo Blog http://foimaeqdisse.blogspot.com.br
da Tua Mana Júlia que Aguarda Breve Resposta”.
Num canto extremo, do formato
retangular que configurava a cozinha, que abria para o enorme
quintal pelo qual, lá no fundo, se ia encontrar a floresta, ficava o jirau.
Uma banqueta servia de trampolim ou pedestal para Odila que nele, no jirau, vinha fazer tantas tarefas quantas lhe coubesse.
Uma banqueta servia de trampolim ou pedestal para Odila que nele, no jirau, vinha fazer tantas tarefas quantas lhe coubesse.
Jirau... Objeto de muitos fazeres numa
casa de interior.
Bem ao lado seu, um fogão a lenha, de
duas bocas! Logo cedo lhe tinha a chama
acessa para ir se “desacender” só às tantas da noite. Repousava permanentemente
ao lado desse fogão incansável, uma saca de carvão sempre cheia. Não me lembro
de vê-la vazia. Comida cheirosa,
panelas virtuosas, mãos zelosas que as punham a brilhar depois de horas a
queimarem na lenha no ofício do preparo dos alimentos dos humanos, comilões
sempre. Quando da chama saíam essas vasilhas, estavam inteiramente
irreconhecíveis de seus alumínios lustrosos e espelhados.
A saca de carvão também alimentava o
ferro de passar roupas, que costumava trabalhar muito no período da tarde,
sobre uma enorme mesa igualmente retangular, posta no cento desse cômodo que
era nossa cozinha. Tão imenso era esse compartimento da casa que possuía duas
portas: uma nos fundos e outra na lateral, mais uma enorme janela.
Tempos de muita luz. Muito sol. Muita
claridade. Tanto que não me lembro de chuvas. Chuvas sempre fecham a claridade
das manhãs e não trago essas lembranças tão intensas eram as luzes dos dias de
nossa infância acaraense.
Do outro lado da cozinha, fazendo um
contraponto com as eras (ERA DO FOGO A LENHA E A ERA DO FOGÃO A GÁS), um fogão
butano e uma geladeira a querosene faziam frente ao jirau e ao fogão à lenha. Contudo,
bem próximo desses, figurava um belíssimo e frequentadíssimo pote. Água doce.
De poço. Sempre fresca. Abundante. Saudades muitas!
Te lembras?
Não me esqueci. Então, queria te
contar.
Abraços da tua mana,
Júlia.
Recife, 24 de julho
de 2014.
É uma viagem no tempo que emociona até quem não esteve lá. Muito bom!!
ResponderExcluirCarinho!
ResponderExcluir