sexta-feira, 25 de julho de 2014


O APELIDO DE SOVACO
Por que, porquês e por quê?
Não há educador que escape dessa fase. Assim como não há preparação que nos permita excelência para vivenciá-la.
Vez por outra somos tomados de surpresa, apanhados de jeito que nem Freud, creio, conseguiria mesmo explicar. Desenvolvemos então uma série de dispositivos para responder, aclarar, tornar compreensivo dentro do universo infantil essas questões que despertam nos pequeninos, curiosidades mil, interesses incríveis e por vezes, reflexões de alto nível  e teor filosófico, como por exemplo: por que existe o dinheiro? Por que levamos horas diante da televisão? Por que vibramos quando ganhamos no game?
Acredito que nenhuma questão seja mais complexa do que as de ordem sexual.
— O que é sexo? — pergunta a sobrinha de cinco anos à queima roupa para aquela tia desprevenida que estava tranquila assistindo televisão.
— SEXO? Ai meu Deus! — Murmura a tia vendo-se em papos de aranha. — Sexo?! Seeeexo... Muito bem... É assim: eu sou do sexo feminino e seu tio é do sexo masculino! — e a pequena intrigada olha aquela tia da cabeça aos pés e inconformada diz:
— Você está me enganannndoooo! — então a tia apela:
— Depois nós conversamos, agora não posso lhe dar atenção! — e sai empurrando a garota para fora da sala estimulando-a a retornar à brincadeira com os demais em outro cômodo da casa, enquanto a sobrinha aos gritos inquiria:
— Depois quando? Depois quando? Quannnnndooooo?
Explica-se, mas não se justifica tantos porquês na cabeça de uma gente que nem saiu dos cueiros, ainda. Será a televisão? Os shoppings centers? Será que é simplesmente coisa da modernidade? O certo mesmo é que sobra para nós adultos, que bem ou mal, temos que nos virar.
Temos também aqueles casos das conclusões. Tem gente pequena que vai logo dizendo o que é, por que é, como é, e haja criatividade para explicar e corrigir, não permitindo que o aprendizado, ainda que engraçado, traga outros problemas. Ainda assim, há ocasiões em que acabamos por nos render  e, naquele primeiro momento, deixar como estar para depois ajustar.
Ana Júlia fazia o dever de casa, tarefa que cuidava logo que regressava da escola, antes mesmo de trocar o uniforme. Na época, a criatura contava seis anos de vida quando, determinada, ingressa na sala e pergunta ao pai:
— Pai, “sovaxila” é o apelido de sovaco?

Nenhum comentário:

Postar um comentário